sexta-feira, 23 de outubro de 2020

 

Inflação, Juros, dívida pública e o fundo do poço em linguagem popular!!

Enquanto uns ficam discutindo quem está certo, se sou da esquerda se sou da direita, se apoio ou não apoio, o país está mergulhando em uma crise sem precedentes.

Você, que como eu, não entende quase nada de política cambial, mercado financeiro, macroeconomia, exportações e importações saiba que o melhor cálculo a fazer é o que o seu dinheiro comprava no mês passado, no ano passado, ou há 5 anos e perceber que hoje já não consegue comprar 100% e sim falta dinheiro para comprar 60%, e não vai pensar que essa diferença de 40% está tudo certo, pois esta é sua dívida, sua qualidade de vida, educação, saúde, lazer, este é simplesmente o seu cenário macroeconômico.

Para você entender por que foram comprados títulos “podres” pelo governo, por que os bancos sempre faturam alto independente de crise, por que os ricos continuam a multiplicar as suas fortunas, você precisa sim saber algumas coisas: o governo compra títulos podres para ajudar os bancos, os bancos que foram ajudados, afundam você na taxa de juros e continuam superfaturando, os ricos são os acionistas ou até mesmo os donos dos Bancos, logo eles continuam também aumentando sua fortuna, com isso você entende que a sua bola de neve é diferente da bola de neve dos ricos.

Política cambial: vivemos em uma instabilidade sem precedentes, se hoje o dólar valorizado alavanca as exportações, ou seja, tudo o que vendemos para fora do país, exemplo alimentos, minério, algodão e outros produtos. Ficamos desabastecidos aqui dentro, basta você ir a mercado para constatar que o arroz, a carne, feijão, óleo de soja......aumentaram de valor da mesma forma que na crise antes do plano real.

Taxa de Juros, inflação e emissão de moeda: parece ser de difícil entendimento entender o funcionamento destes 3 vilões da sociedade, e de fato é, pois se fosse simples, acredito que uma pessoa de bom coração poderia fazer dar certo na hora, né.

 Para entender, a teoria que a emissão de moeda, aquela que o Banco Central imprime na impressora, influenciam na inflação, essa teoria já foi por água abaixo, ou você já está com aquela nota de R$200,00 na carteira ¿ Para tanto, é simples, façamos uma comparação: você fabrica cerveja, você pode até vender algumas para os mercados mais próximos, mas para atingir um número expressivo e fazer a diferença economicamente, você vai precisar criar um fluxo de consumo e abrir parcerias. Isto não é diferente com o papel moeda, não resolve apenas o Governo imprimir milhões e milhões de reais se não tem um fluxo, não tem uma parceria, não tem um meio desta moeda chegar até a população que consume e faz o ciclo girar. Então você já pode descartar esta possibilidade de emissão de moeda para resolver a economia, apenas seria um dos meios.

Não, a emissão de moeda não pressiona e inflação como se pensava até hoje, justamente por que a ideia difundida do metalismo já não funciona, e sim estamos na era do nominalismo, onde a moeda nem sempre é física, em resumo, a quantidade de papel não importa, importa sim quem tem essa quantidade.

Taxa de juros real, SELIC, tanto outros nomes para definir a taxa básica de juros que serve apenas como referência ao mercado. Mais serve, na verdade, para barganhas do governo e principalmente dos bancos do que para ajudar a população a fazer um investimento que poderia gerar riqueza ao país. Tanto é que a taxa efetiva do cheque especial, na melhor das hipóteses passa de 200% ao ano. Se você já viu algum post informando que o Governo economizou bilhões com a redução da taxa de juros básica, é fato, saiba que é justamente esta taxa que remunera os títulos da dívida pública (dívida pública, outro assunto pra “passar no pão”).

Inflação, palavra chave que define o valor do produto, conforme a oferta e procura. Saiba que outubro de 2020, fechará com a maior inflação para um único mês nos últimos 25 anos, você não leu mal não, SIM, dos últimos 25 anos, se o ano fechassem com números deste mês teríamos a inflação pré real, equiparada ao cruzeiro. Mas como a inflação está tão elevada se não houve nenhuma situação que afetassem a produção e sim, pelo contrário, o consumo diminuiu na pandemia por falta de dinheiro¿ O fato é que com a valorização do dólar, quem produz não achou sentido em vender para os consumidores internos do país pois, o lucro duplicou nas exportações, e tanta exportação fez com que faltasse produto para consumo interno como soja, arroz, milho, algodão, ferro e outros. Com pouca oferta para dentro do Brasil os produtos subiram de preço ocasionando o aumento da inflação, ficou simples agora, senão, lembra quanto que você pagava pelo arroz em abril e quanto pagou ontem.

Dívida pública: esse diacho de dívida que o Brasil tem, pois é. O Brasil se fosse uma pessoa estaria com seu orçamento totalmente comprometido, ou seja, tudo que ganha é suficiente apenas para suas despesas primárias (pagar as contas da casa) e para o pagamento dos juros da dívida, é isso sim, somente dos JUROS. Tá mas para quem o Brasil deve¿ o Brasil deve para pessoas, tanto brasileiras como estrangeiras que emprestaram dinheiro para o país através da compra de títulos com a intenção de receber juros. A soma dessa dívida está prestes a alcançar o valor das riquezas produzidas no país (PIB) dessa pessoa chamado Brasil.

Mas saiba que existem países, como os EUA, que sua dívida pública é maior que sua arrecadação, mesmo assim existem recursos que seriam suficientes para o pagamento destas dívidas, o que ocorre é o financiamento do país com capital de terceiros que, se bem feito gera riqueza para ambos, tanto para o país quanto para o investidor.

 

Caro Leitor: Este conteúdo não tem a intenção de posicionamento político entre esquerda ou direita ou de definir qual política pública o Governo deveria adotar e sim de informar em linguagem simples os conceitos e sua abrangência por trás de nomes técnicos que muitas vezes não são conhecidos pela população, sendo assim um meio de melhor entendimento das políticas públicas brasileiras.

 

Se você, assim como eu, achou interessante este assunto, que economia não é um bicho de sete cabeças, não deixe de ler o livro “Consenso e Contrassenso – Por uma economia não dogmática”, autor André Lara Resende, o qual foi base para este artigo.

 

Jorge Chiavenato